quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Enfrentar o dragão interno é uma maneira de se responsabilizar sobre os próprios erros


Uma das principais características do ser humano é colocar a culpa em outra pessoa quando algo não saí exatamente como o esperado, seja no fim do relacionamento, em uma discussão com amigo, erro de cálculo em uma viajem, falhas em um projeto empresarial, reprovação em provas, entre outros. Desde criança somos condicionados a responsabilizar o outro pelas artimanhas imprecisas, essa forma de se relacionar tende a continuar na vida adulta mesmo quando o indivíduo sabe não ser o correto, afinal na maioria das vezes o culpado por determinada situação é a própria pessoa. Praticamente quase todos permitem que outros sujeitos apropriem-se de incumbências destinadas a ele pois tem medo de olhar cuidadosamente dentro de si e constatar que o problema não está no próximo, e sim nele mesmo. 

O estudioso americano Joseph Campbell em seu livro "Mito e transformação" diz o seguinte sobre colocar a culpa em outras personalidades: "... Marx propõe culpar a sociedade por nossas fraquezas; Freud propõe culpar os pais; a astrologia propõe culpar o universo. O único lugar que se deve procurar a culpa é dentro de nós - não tivemos a coragem de criar nossa própria lua cheia e viver a vida que era o nosso potencial".

Quando o sujeito não assume a responsabilidade perante seus atos, acaba não sendo sincero consigo mesmo e dessa forma não consegue uma interação afetuosa com sua alma. Para conquistar o verdadeiro potencial de cada um, há a exigência de vislumbrar meticulosamente todos os aspectos de seu próprio ser, mesmo os mais obscuros e com isso aceitar quem realmente é. Ao mesmo tempo que necessita enfrentar os inimigos interiores, ou seja, conscientizar-se sobre os próprios defeitos e reconhecê-los quando surgem como algo do si mesmo e não do outro. Essa visão na mitologia é descrita como encarar o dragão interno. 

Para a psicanalítica Carol S. Pearson em seu livro "O despertar do herói interior" esse antagonista de cada um é visto da seguinte maneira: "... Para o guerreiro do nível mais elevado, a verdadeira batalha é sempre contra os inimigos interiores - a preguiça, a descrença, a desesperança, a irresponsabilidade e a rejeição. A coragem de enfrentar os dragões interiores é o que nos permite enfrentar os dragões exteriores com sabedoria, habilidade e autodisciplina".

Ao afrontar esse dragão interno com a espada da coragem e do amor, possibilitamos acolher com carinho as nossas falhas, medos e fragilidades, assumindo a responsabilidade de qualquer situação em nossas vidas e simplesmente não culpando o outro pelos erros de percurso. Ao adotar esse compromisso consigo mesmo, abre-se o espaço para avançar no degrau da jornada evolutiva, aceitando o seu ser de forma verdadeira e responsável.
DoçurasParAlma!

Nenhum comentário:

Postar um comentário