quarta-feira, 15 de julho de 2015

Abrir a torneira do choro também faz bem a alma


Para hoje havia preparado uma outra divagação diferente da que aqui consta, no entanto o momento presente trouxe-me o choro, a delícia de colocar a cabeça no ombro de uma pessoa e chorar compulsivamente de soluçar e simplesmente não precisar justificar-se, apenas permitir-se liberar fluxo de emoção do coração para fora. Após a choradeira tive a oportunidade de identificar alguns sentimentos causadores dessa cachoeira de lágrimas e tornar-me mais consciente sobre o que se passa em minhas entranhas. 

O pranto na minha forma de ver, é um mecanismo da alma para exteriorizar no formato de água com suor expressões humanas, o amor, a mágoa, o medo, a insegurança, a felicidade, a tristeza, entre outras. Esse acontecimento propicia uma atenção maior da pessoa sobre seus mais profundos sentimentos, mostra suas fraquezas e vulnerabilidades e resulta numa limpeza, leveza de espírito e a percepção de calma.

Esse ato que para algumas pessoas pode ser a coisa mais simples para outras pode ser a mais difícil, não tem fórmula, regra ou contra-indicação é algo natural do ser humano. Contudo atualmente há uma certa recusa em exteriorizar as lágrimas já que as pessoas buscam apenas demonstrar alegrias e risos, mesmo quando são artificiais. Não estou negativando a felicidade, pelo contrário sou a favor do encantamento da vida, porém também vejo a importância de permitir ser acolhido pela água com suor que escorre de nossos olhos. 

Na capa da revista Vida Simples de agosto de 2014 há justamente esse tema "Chorar faz bem", ao qual a jornalista Rosana Queiroz diz o seguinte: "Derramar uma boa dose de lágrimas de felicidade, de tristeza, de gosto ou de desgosto faz, afinal, tão bem quanto gargalhar. Simplesmente porque cada expressão tem seu lugar, e reconhecê-las é o ponto de partida para se conhecer cada vez mais e melhor. Então, chore. Chore mesmo".

Dessa forma vamos nos permitir ser invadidos por essa onda de mensagens líquidas do inconsciente, consentir que o choro está acontecendo por um motivo ou vários e aceita-lo  é o primeiro passo para gerar o processo de cura. Dar espaço para o mar de águas da alma é uma das características de maior valor para a condição humana, pois através disso permite-se compreender melhor o que se passa lá no fundinho de cada um de nós e uma generosa oportunidade de lavar a alma de vez em quando.

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